Hoje,
em todo o mundo, é preocupante o crescente consumo de drogas. O
problema alcançou tamanha proporção, que ações e repressão ao
narcotráfico são pequenos paliativos que, executados isoladamente,
não atingem o objetivo desejado.
Sabemos
que a questão do uso de drogas não passa apenas pelo indivíduo
dependente, nem tampouco pelo traficante somente, pois estes são os
dois extremos de uma questão a esmagadora maioria é composta por
usuários, quer esporádicos ou freqüentes e todo o grupo social que
os cerca. Senão vejamos.
Sabe-se
que o consumo de álcool/drogas traz no seu bojo um percentual de
aproximadamente 10 a 15% de usuários que em algum momento irão
estar quimicamente dependentes e apresentarão problemas oriundos
deste consumo. Restam portanto 85 a 90 % de consumidores que podem
até ter problemas ocasionais derivados de seu uso dos químicos, mas
que justamente quando surgirem estes problemas, irão identificar o
prejuízo que vêm tendo e optarão por interrompê-lo ou
simplesmente passarão a consumir com moderação, evitando maiores
dissabores.
Estes,
todavia, serão justamente os aconselhadores mais perigosos, pois
terão a experiência do controle de si mesmos e estarão sempre
prontos a convencer aos outros de que é possível consumir
álcool/drogas e ter controle desse uso. Haja visto seu próprio
exemplo. Desta forma, teremos aí, o espelho onde o dependente busca
encontrar apoio para justificar sua recusa em reconhecer a falência
diante dos químicos e aceitar que é portador de uma doença de
NEGAÇÃO.
Para
se começar qualquer movimento no sentido de tratar a questão:
alcoolismo/toxicodependentes, suas implicações diretas e indiretas
a sua afetação na sociedade como um todo, é preciso antes de mais
nada, que nos livremos de todo e qualquer preconceito para então ter
condições de avaliar uma outra informação com a mente aberta.
Portanto, contando com essa boa vontade dos leitores, vou apresentar
alguns fatos para questionarmos juntos.
Sensível
e desconfiado por natureza, o dependente químico está sempre
exagerando na dose, e que dose! E, uma vez tendo começado a usar
(beber, cheirar, fumar) parece querer acabar com toda a droga
existente (álcool é droga) no mundo. Sua sensibilidade lhe diz que
alguma coisa está errado, mas ele desconfia de qualquer tentativa de
aproximação, e se isola no seu conflito, querendo resolver seu
quebra-cabeças sozinho, fingindo ignorar a tragédia que se
aproxima, agarrando-se desesperadamente à convicção de que desta
vez será diferente. Ele vai conseguir controlar e provar para todo
mundo e para si mesmo que não é um “viciado”. Apenas se
descontrolou algumas vezes, é lógico, tinha bons motivos para isso,
por exemplo: Se sua mulher o compreendesse e parasse de encher o
saco, ele ficaria mais em casa e não usava tanto. Se não fosse tão
baixo o meu salário e as coisas tão caras e esses políticos
corruptos ricos e ele ali, submetido aos seus caprichos; só mesmo
tomando uma para esquecer.
Bom,
já deu prá notar as desculpas tão nossa conhecidas, não é?
Descontrole, perda da família, de empregos, dos amigos, uma profunda
insatisfação diante da vida, sentimentos de solidão e constante
estado de eminência de morte são comuns ao dependente químico.
E
temos dependentes nos diversos segmentos da sociedade, expondo a
todos, aos riscos advindo do seu comportamento angustiado e
irresponsável. Aviadores, motoristas, mecânicos, médicos,
carteiros, professores, policiais, políticos, cozinheiros,
marinheiros, controladores de vôo, donas-de-casa, babás, atores,
mestres de artes marciais e tantos em outras profissões.
Destes,
temos brancos, negros, mulatos, etc... e ainda poderão ser ricos,
classe média alta, média, média baixa, pobres, muito pobres,
paupérrimos e mendigos.
Poderão
ser homens, mulheres, homossexuais, bissexuais, sem escolha definida
ou assumida, não importa.
A
todos, a dependência química poderá atingir, independentemente de
quaisquer dos fatores citados ou outros que não tinham sido.
A
propósito, a dependência química sintomatizada pelo uso abusivo de
álcool/drogas, é uma doença reconhecida pela O.M.S. –
Organização Mundial de Saúde no mundo inteiro. É doença nos
Estados Unidos, no Japão, na Inglaterra, no Brasil, no Rio de
Janeiro e São Paulo. Essa doença que mata, mas desmoraliza antes, é
progressiva – ninguém começa tomando uma caixa de cerveja,
fumando vinte cigarros de maconha por dia, nem cheirando dez gramas
de cocaína numa noite. O uso progride.
E
além disso, é incurável. Mas, o fato de não ter cura, não
significa que é impossível tratá-la. É possível sim. O
tratamento existe e a recuperação também. Pode-se interromper o
processo de progressão a partir da total abstinência, acrescida de
uma terapêutica própria, específica para o dependente químico,
cujo objetivo principal é fortalecer o desejo de parar de usar e se
manter assim, sendo estimulada uma proposta de mudanças que
certamente poderão melhorar sua qualidade de vida.
Convém
sabermos ainda, que esta doença afeta aqueles que convivem com um
dependente de forma muitas vezes tão intensa que os leva a
desenvolver um comportamento semelhante, e por isso, o familiar deve
e precisa de tratamento similar.
Como
podemos perceber, apenas toquei na ponta deste imenso iceberg e
muito, mas muito mesmo, há para ser exposto. Essa patologia, é tão
ampla e complexa que não tive, não tenho e jamais terei a pretensão
de conseguir esgotar o assunto. De alguma forma, espero ter
acrescentado informações úteis e ofereço o que disponho para
tratar, esclarecer e orientar aqueles que quiserem ou tiverem a
necessidade dessa ajuda.
Nesta
oportunidade, como sempre faço, agradeço a Deus e àqueles que
propiciaram este nosso encontro, comprometendo minha equipe a
continuar esse trabalho, enquanto Ele assim o permitir.
Vander
Campello
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