CEBRID
– Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas
Psicotrópicas
Definição
As
anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso
central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando
as pessoas mais “acesas”, “ligadas” com “menos sono”,
“elétricas”, etc. É chamada de rebite principalmente entre os
motoristas que precisam dirigir durante várias horas seguidas sem
descanso, a fim de cumprir prazos pré-determinados. Também é
conhecida como bolinha por estudantes que passam noites inteiras
estudando, ou por pessoas que costumam fazer regimes de emagrecimento
sem o acompanhamento médico.
No
U.S.A., a metanfetamina (uma anfetamina) tem sido muito consumida na
forma fumada em cachimbos, recebendo o nome de “ICE” (gelo).
Outra
anfetamina, metilenodióximetanfetamina (MDMA), também conhecida
pelo nome de “Êxtase”, tem sido uma das drogas com maior
aceitação pela juventude inglesa e agora, também, com um consumo
crescente nos U.S.A..
As
anfetaminas são drogas sintéticas, fabricadas em laboratório. Não
são, portanto, produtos naturais. Existem várias drogas sintéticas
que pertencem ao grupo das anfetaminas e como cada uma delas pode ser
comercializada sob a forma de remédio, por vários laboratórios e
com diferentes nomes de fantasia.
Efeitos
no Cérebro
As
anfetaminas agem de uma maneira ampla afetando vários comportamentos
do ser humano. A pessoa sob sua ação tem insônia (isto é, fica
com menos sono) inapetência (ou seja, perde o apetite), sente-se
cheia de energia e fala mais rápido ficando “ligada”. Assim, o
motorista que toma o “rebite” para não dormir, o estudante que
ingere “bolinha” para varar a noite estudando, um gordinho que as
engole regularmente para emagrecer ou ainda uma pessoa que se injeta
com uma ampola de Pervitin ou com comprimidos dissolvidos em água
para ficar “ligadão” ou ter um “baque” estão na realidade
tomando drogas anfetamínicas.
A
pessoa que toma anfetaminas é capaz de executar uma atividade
qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço. Este só aparece
horas mais tarde quando a droga já se foi do organismo; se nova dose
é tomada as energias voltam embora com menos intensidade. De
qualquer maneira as anfetaminas fazem com que um organismo reaja
acima de suas capacidades exercendo esforços excessivos, o que
logicamente é prejudicial para a saúde. E o pior é que a pessoa
ao parar de tomar sente uma grande falta de energia (astenia) ficando
bastante deprimida, o que também é prejudicial, pois não consegue
nem realizar as tarefas que normalmente fazia antes do uso dessas
drogas.
Efeitos
no resto do corpo
As
anfetaminas não exercem somente efeitos no cérebro. Assim, agem na
pupila dos nossos olhos produzindo uma dilatação (o que em medicina
se chama midríase); este efeito é prejudicial para os motoristas,
pois à noite ficam mais ofuscados pelos faróis dos carros em
direção contrária. Elas também causam um aumento do número de
batimentos do coração (o que se chama taquicardia) e um aumento da
pressão sanguínea. Aqui também podem haver sérios prejuízos à
saúde das pessoas que já têm problemas cardíacos ou de pressão,
que façam uso prolongado dessas drogas sem o acompanhamento médico,
ou ainda que se utilizarem de doses excessivas.
Efeitos
tóxicos
Se
uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez)
todos os efeitos acima descritos ficam mais acentuados e podem
começar a aparecer comportamentos diferentes do normal: ela fica
mais agressiva, irritadiça, começa a suspeitar de que outros estão
tramando contra ela: é o chamado delírio persecutório. Dependendo
do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa pode aparecer um
verdadeiro estado de paranóia e até alucinações. É a psicose
anfetamínica. Os sinais físicos ficam também muito evidentes:
midríase acentuada, pela pálida (devido à contração dos vasos
sanguíneos) e taquicardia.
Essas
intoxicações são graves e a pessoa geralmente precisa ser
internada até a desintoxicação completa. Às vezes durante a
intoxicação a temperatura aumenta muito e isto é bastante perigoso
pois pode levar a convulsões.
Finalmente
trabalhos recentes em animais de laboratório mostram que o uso
continuado de anfetaminas pode levar à degeneração de determinadas
células do cérebro. Este achado indica a possibilidade de o uso
crônico de anfetaminas produzir lesões irreversíveis em pessoas
que abusam destas drogas.
Aspectos
Gerais
Quando
uma anfetamina é continuamente tomada por uma pessoa, esta começa a
perceber com o tempo que a droga faz a cada dia menos efeito; assim,
para obter o que deseja, precisa ir tomando a cada dia doses maiores.
Há até casos que de 1-2 comprimidos a pessoa passou a tomar até
40-60 comprimidos diariamente. Este é o fenômeno de tolerância,
ou seja, o organismo acaba por se acostumar ou ficar tolerante à
droga.
Discute-se
até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempos e
pára de tomar, apresentaria sinais desta interrupção da droga, ou
seja, se teria uma Síndrome de abstinência. Ao que se sabe algumas
pessoas podem ficar nestas condições em um estado de grande
depressão, difícil de ser suportada; entretanto, isto não é uma
regra geral, isto é, não aconteceria com todas as pessoas.
Informações
sobre consumo
O
consumo destas drogas no Brasil chega a ser alarmante, tanto que até
a Organização das Nações Unidas vem alertando o Governo
brasileiro a respeito. Por exemplo, entre estudantes brasileiros do
1º e 2º graus das 10 maiores capitais do país, 4,4% revelaram já
ter experimentado pelo menos uma vez na vida uma droga tipo
anfetamina. O uso frequente (6 ou mais vezes no mês) foi relatado
por 0,7% dos estudantes. Este uso foi mais comum entre as meninas.
Outro
dado preocupante diz respeito ao total consumido no Brasil: em 1995
atingiu mais de 20 toneladas, o que significa muito milhões de
doses.
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