sábado, 2 de setembro de 2017

031- A depressão no século XX


No final do século XIX, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin ofereceu importantes contribuições ao conhecimento das enfermidades psíquicas. Entre elas está a divisão dos quadros psicóticos em dois grandes grupos: demência precoce e insanidade maníaco-depressiva. Os estudos de Kraepelin formaram a base das modernas classificações dos transtornos mentais.


Já no campo da subjetividade, em 1917, Sigmund Freud, pai da psicanálise, publica “Luto e Melancolia”, destacando a existência de aspectos inconscientes, vinculados ao sentimento de perda na gênese da melancolia.


Na década de 30 surge a terapia eletroconvulsiva, baseada na crença de que a indução do estado convulsivo poderia tratar doenças mentais, uma vez que pacientes portadores destes transtornos e também epiléticos apresentavam melhora no quadro psiquiátrico durante algum tempo após as crises de convulsão. A indução era feita a princípio com o uso de agentes farmacológicos e, posteriormente, foi introduzido o uso do eletrochoque.


Em 1936, o filósofo inglês Henry Dale recebeu o Prêmio Nobel por seus estudos sobre a transmissão dos impulsos nervosos.


Por volta dos anos 50, surgem os primeiros fármacos anti-depressivos. Na busca de anti-histamínicos que não provocassem sedação, a indústria farmacêutica descobriu a imipramina (Trofanil). Observou-se que os deprimidos que tomavam esse medicamento para o combate de processos alérgicos ou inflamatórios apresentavam melhora no humor. Esse remédio e outros semelhantes foram denominados tricíclicos, em função de sua estrutura química.


Posteriormente, na tentativa de se encontrarem fármacos para o tratamento da tuberculose, descobriu-se que a iprozianida melhorava o humor de tuberculosos deprimidos. Surgiam, assim, os inibidores da ação da enzima monoaminoxidase (IMAO). Estas duas classes de medicamentos descobertos na década de 50 ficaram conhecidas como a “primeira geração de antidepressivos”. Essas primeiras drogas utilizadas no tratamento da depressão tinham a desvantagem de produzir fortes e incômodos efeitos colaterais.


Em 1960, o neuroquímico norte-americano Julius Axelrod também recebe o Prêmio Nobel pela descoberta das substâncias que possibilitam a transmissão dos impulsos nervosos (neurotransmissores). Esse fato favoreceu o avanço em relação aos medicamentos anti-depressivos.


Ainda na década de 60, aumentaram as contribuições da psicologia com a prática das psicoterapias cognitivo-comportamental e transpessoal.


Em 1970, médicos norte-americanos começaram a usar o Lítio como agente estabilizador do humor, sendo mais utilizado nos casos de mania.


A década de 80 foi marcada pelo uso da “terapia da luz” no tratamento da depressão, em função do seu aspecto sazonal (em países de maior latitude, a depressão apresenta maiores índices no inverno, sendo possivelmente influenciada pela baixa luminosidade).


Ainda na década de 80, surge a “segunda geração de antidepressivos”, oferecendo maior segurança ao tratamento e efeitos colaterais mais suportáveis para o paciente. Trata-se dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).


Somente na década de 90, consolida-se o entendimento acerca dos benefícios obtidos na combinação entre recursos farmacológicos e psicoterápicos no tratamento da depressão.
Em 1992, a CID 10 (Classificação Internacional das Doenças), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento), descreveu a depressão como um Transtorno de Humor. De acordo com essa recente classificação, a depressão pode se apresentar numa forma unipolar, com variações entre leve, moderada e grave, ou revelar uma alternância entre episódios maníacos e depressivos, compondo o “Transtorno Bipolar”.



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