O Décimo Primeiro Passo diz: “Procuramos,
através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na
forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em
relação a nós e forças para realizar essa vontade”.
Prossegue-se tentando viabilizar
o processo de reaprendizado necessário para atingir o objetivo final de
recuperação do alcoolismo: a convivência social plena composta de relações
interpessoais prazerosas.
Como foi demonstrado ao
discutir-se o Décimo Passo, é fundamental que o alcoolista possa, durante o
reaprendizado, perceber aspectos positivos em sua vida, para manter-se motivado
independente do grau de desconforto originado pelas dificuldades e conflitos, inter-humanos. Evidentemente, sabemos que o alcoolista
tende, sempre, a procurar alívio em seu objeto de dependência e, portanto, tem
maior necessidade de conforto que alguém sadio, não-dependente.
Assim como um inventário pessoal
diário é útil para um balanço geral do dia ou do período vivido, a oração e a
meditação são formas, igualmente importantes, de travar um contato mais íntimo
com os fatos e as emoções envolvidas no dia a dia.
De uma maneira geral, o programa
dos Doze Passos revela-se uma forma concreta de busca consciente do
aperfeiçoamento pessoal, estando, portanto, subentendidas as dificuldades
próprias a um processo de recondicionamento.
O mecanismo da oração e da
meditação serve para, em momentos de angústia decorrente de conflitos e
dúvidas, rememorar os propósitos de reavaliação e reformulação tentando, assim,
frear impulsos antes que decisões ou atitudes precipitadas – inerentes ao
padrão anterior de comportamento – possam trazer, agora, consequências
desagradáveis e mais angústia. O hábito de,
antes de qualquer conclusão, analisá-la cuidadosamente à luz dos propósitos
originais é uma eficiente arma contra, por exemplo, o remorso e a culpa.
O tomar contato consciente com
suas emoções possibilita ao alcoolista uma elaboração mais adequada das mesmas
e o resultado advindo é a reação mais coerente com os tais propósitos de
reformulação. Esse mecanismo é fonte de
um sentimento de conforto e paz derivado da certeza de estar tentando acertar. E eis o mistério dos Doze Passos: a manutenção desse processo traz, ao mesmo
tempo, alívio (prazer) e motivação para prosseguir.
Além disso, todos os mecanismos
utilizados com o objetivo de estreitar o contato consigo próprio servem para
facilitar a convivência social. Treinar
o “parar para pensar”, condicionado à confirmação consciente da necessidade de
aceitar suas limitações, é fundamental para que o alcoolista possa retirar daí
a motivação para conviver com elas da melhor maneira possível. O relaxamento e a paz advindos desse contato
fornecem condições para um convívio mais amplo em sociedade. É o treinamento que traz segurança ao
alcoolista para enfrentar as dificuldades do relacionamento interpessoal sem o
medo imobilizante de sofrer a cada momento.
Estes, portanto, são métodos eficazes de viabilizar o crescimento
através do prazer (paz e conforto).
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