terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

023- 12º Passo de A.A. (Visão Terapêutica)



O Décimo Segundo Passo diz:  “Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólatras e praticar esses princípios em todas as nossas atividades”.

Diz ainda o texto:  “O prazer de viver é o tema e a ação sua palavra-chave”.
Viver bem em todos os momentos pode parecer utópico, a princípio.  Mas, segundo Alcoólicos Anônimos, isso pode ser conseguido a partir de um elemento simples, o chamado despertar espiritual.  A meu ver, esse despertar significa descobrir uma motivação básica que oriente e impulsione todas as ações do indivíduo.  Dessa maneira, torna-se muito simples explicar a razão do sucesso do programa dos Doze Passos.

A derrota diante da dependência alcoólica trouxe o fim do sofrer, através da consciência do sofrimento, esta evidenciou a necessidade de mudar e reformular comportamentos, caráter, conceitos e valores, e a busca dessa reformulação – a luz da fé na viabilidade e eficácia dos métodos empregados – resultam em mobilização psíquica e prazer.  Enfim, orientado pela certeza de necessitar crescer sempre, o alcoolista em recuperação empenha-se em praticar os Doze Passos em todos os momentos do seu dia, retirando daí o chamado combustível espiritual necessário a manter em movimento seu processo de crescimento.

Acredito que o despertar espiritual não seja mais do que a descoberta de que é possível obter prazer através do simples esforçar-se em direção a um objetivo claro e incontestável.

A partir de então, resta agir.  E a ação que se promove, a partir da necessidade de manter a máquina em movimento, direciona-se automaticamente aos elementos desenvolvidos em todos os outros passos de ação.  A prática diária ou sistemática da interparticipação grupal, do inventário, da reparação, da oração, da meditação, etc., é originalmente, cada degrau do crescimento e, portanto, gera prazer por si só.

Viver, diária e plenamente, os Doze Passos, essa é a fórmula de ação.  

Aplicá-la ao trabalho, ao lazer, ao lar e ao grupo, adaptá-la ao seu ritmo e estilo de vida, torna simples e prazeroso o relacionamento e a convivência em sociedade, a partir de que é honesto e prazeroso o convívio consigo.

Agora, ser honesto não significa, apenas, um valor moral e sim, um passo em direção ao objetivo consciente de crescer e libertar-se e, portanto, gratifica.  Assim como pedir desculpas não significa humilhar-se porque encerra propósitos claros.  Viver, cada momento, com um objetivo maior que a segurança material, a estabilidade afetiva e o destaque pessoal, é a chave da chamada sobriedade.

Acredito, portanto, que o Décimo Segundo Passo sintetiza a fórmula do programa de tratamento do alcoolismo sugerido por Alcoólicos Anônimos quando se refere a “praticar esses princípios em todas as nossas atividades”.


E o mais importante de tudo isso:  assim como a doença e o sofrimento igualou indivíduos diferentes, o objetivo comum os une e os mantêm semelhantes em propósitos e métodos.  A ajuda mútua é, portanto, o meio comum que complementa motivações e objetivos únicos e qualifica o uso do termo “irmandade”.



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