O Segundo Passo diz: “Viemos a acreditar que um poder superior a
nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade”.
A chave para o Segundo Passo está
na consistência com que é sentida a oração “Viemos a acreditar”. Essas palavras significam, antes de qualquer
relação mística ou religiosa, a descoberta da humildade. E ser humilde, nesse caso quer dizer ter
consciência de suas limitações, consciência de sua doença e, em função disso, admitir
o fundamento essencial da necessidade de ser ajudado para vencer.
Em Alcoólicos Anônimos costuma-se
dizer, em relação à recuperação, que só o alcoolista pode, mas jamais o poderá
sozinho. Essa é a essência do Segundo
Passo, a consciência plena da necessidade de ajuda para superar resistências
endógenas e exógenas.
A dificuldade em vivenciar um
Segundo Passo pleno varia na medida exata da plenitude em que foi vivenciado o
Primeiro Passo. É lógico que quão maior
for a consciência da impotência e mais profundo o contato com seu próprio descontrole,
mais evidente a necessidade de ajuda para superá-los. Saber-se e admitir-se derrotado significa
assumir suas deficiências e pode representar o início de um processo de
busca. Nesse processo de maior contato
com valores e conceitos; nessa avaliação
global da realidade individual, estão embutidas as perspectivas de auxílio
objetivo. Apresentá-las de forma
concreta e organizada representa uma medida extremamente útil. Que recursos estão disponíveis, no momento,
para ajudar essa pessoa? De que forma
concretizar-se-á essa ajuda? O
profissional deverá neste momento ter a medida exata de oportunismo e
envolvimento necessários a um aconselhamento objetivo e prático.
É claro que essa ajuda deverá
sempre adaptar-se ao tipo de alcoolista, ou melhor, às características do
indivíduo em questão. Encaminhar um
materialista a grupos místicos é desperdiçar oportunidades, talvez
irresgatáveis. Ao profissional interessa
estar a par de todos os recursos disponíveis de tratamento, além de que tipo de
tratamento indicar-se-á para cada caso.
O tratamento do alcoolista
consiste, em termos genéricos, em fornecer suporte psicossocial á abstinência,
ou seja, oferecer a essa pessoa, além de tratamento médico, espaço para sentir,
sofrer e crescer sem que para isso seja necessário beber. Compreensão e identidade são fundamentais,
objetividade e envolvimento são importantes.
Qualquer ação terapêutica que ofereça esses elementos pode ser utilizada
paralelamente ao programa dos doze passos.
Grupos religiosos, grupos sociais, grupos psicoterapêuticos ou grupos de
ajuda mútua incluem-se como recursos cabíveis e úteis.
Conhecer a realidade do paciente:
seus medos; suas angústias; suas dúvidas; seus anseios e suas crenças é uma
maneira segura de evidenciar características do caso para um encaminhamento
objetivo do tratamento.
Para que tudo isso tenha um
mínimo de efetividade, uma coisa deve estar totalmente clara para o
alcoolista: a impossibilidade absoluta
de progresso sem que alguma forma de auxílio lhe seja prestada. Portanto, em qualquer ação profissional
relacionada ao Segundo Passo de Alcoólicos Anônimos devem estar sempre
evidentes os motivos de tal afirmativa, ou seja, é impossível ajudá-lo no
Segundo Passo sem que o primeiro tenha sido vivenciado de forma satisfatória.
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