“Fizemos
minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.
Não é
fácil olhar pra aquilo que a gente acha feio, pra aquilo que cheira mal, que
apodreceu. Parece mais fácil botar uma tampa bem tampada e fazer de conta que
não aconteceu. Ou então, “chapar” e fazer de conta que não existe...
A
gente vive num mundo em que as pessoas não sabem o que fazer com o lixo que
resulta de sua presença num determinado local. Criar lixo já é um equívoco,
nem todos os povos do mundo criam lixo. Mas se criou lixo, precisa dar um
destino pra ele.
Lixo
não é bonito, nem agradável de se lidar. Mas se ninguém fizer nada, como é que
vai sobrar lugar pra gente viver e ser feliz e aproveitar o melhor da vida?
Tem
vezes que a gente precisa fazer uma faxina dentro da gente mesmo. Pegar o que
entristece, o que dói, o que incomoda, o que a gente não perdoa na gente e nos
outros, e mexer naquilo. Olhar, mudar de lugar, abrir caixas, botar pra fora,
criar espaço pra entrar luz e ar na casa.
“Mas,
por onde começar?” – você pergunta.
Bão...
não tem como mexer em nadinha dentro de você, se não tirar primeiro aquela
ilusão de ter razão sempre, de ser melhor que os outros, de ganhar em todas as
situações, que a gente costuma chamar de orgulho. Se não mexer no seu
orgulho... pode esquecer!
Ele
atravanca o caminho de todas as coisas que você precisa limpar.
O
orgulho diz que a gente é sempre certo e o outro, errado. Um engano. Diz que a
gente sabe mais que os outros. Outro engano. Diz que a gente sempre foi bacana e que, se algo não deu certo pra
nós, foi culpa dos outros. Baita engano. Diz que a gente sabe o que é melhor pra gente... aaara! Vê só! Se a gente
soubesse mesmo o que é melhor, tava tão cheio de lixo dentro da gente?
O
orgulho é uma cegueira que faz você acreditar na cena que assiste dentro de
você, mas que foi ele que criou pra você olhar. Então quando quiser
fazer essa faxina interna, não vai sozinho, não! Pede pro Poder Superior te
mostrar a verdade e, não, a ilusão do seu orgulho. Preces sinceras, do fundo do
coração, são sempre atendidas da maneira que vai te trazer mais benefício. Vai
lá bem humilde, vai lá bem pequeno. Reconhecendo a sua impotência diante do
Poder maior doador da vida.
Mostra sua verdade, sua
sinceridade, seu desejo verdadeiro de ter uma vida melhor, de aprender com
seus erros pra construir seus acertos. Não é vergonha ter se equivocado no
passado – todo mundo já fez isso. Vergonha é defender seu engano só pra não
dar o braço a torcer, de medo de encarar a si mesmo. Isso é coisa de criança.
Gente grande assume o que é seu, mesmo que não goste, porque depois tudo pode
mudar, se a gente mudar...
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