terça-feira, 10 de janeiro de 2017

008- 4º Passo de N.A. (Visão do Calunga)


“Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”.

Não é fácil olhar pra aquilo que a gente acha feio, pra aquilo que cheira mal, que apodreceu. Parece mais fácil bo­tar uma tampa bem tampada e fazer de conta que não acon­teceu. Ou então, “chapar” e fazer de conta que não existe...

A gente vive num mundo em que as pessoas não sabem o que fazer com o lixo que resulta de sua presença num de­terminado local. Criar lixo já é um equívoco, nem todos os povos do mundo criam lixo. Mas se criou lixo, precisa dar um destino pra ele.

Lixo não é bonito, nem agradável de se lidar. Mas se ninguém fizer nada, como é que vai sobrar lugar pra gente viver e ser feliz e aproveitar o melhor da vida?

Tem vezes que a gente precisa fazer uma faxina dentro da gente mesmo. Pegar o que entristece, o que dói, o que incomoda, o que a gente não perdoa na gente e nos outros, e mexer naquilo. Olhar, mudar de lugar, abrir caixas, botar pra fora, criar espaço pra entrar luz e ar na casa.

“Mas, por onde começar?” – você pergunta.

Bão... não tem como mexer em nadinha dentro de você, se não tirar primeiro aquela ilusão de ter razão sempre, de ser melhor que os outros, de ganhar em todas as situações, que a gente costuma chamar de orgulho. Se não mexer no seu orgulho... pode esquecer!

Ele atravanca o caminho de todas as coisas que você precisa limpar.

O orgulho diz que a gente é sempre certo e o outro, er­rado. Um engano. Diz que a gente sabe mais que os outros. Outro engano. Diz que a gente sempre foi bacana e que, se algo não deu certo pra nós, foi culpa dos outros. Baita enga­no. Diz que a gente sabe o que é melhor pra gente... aaara! Vê só! Se a gente soubesse mesmo o que é melhor, tava tão cheio de lixo dentro da gente?

O orgulho é uma cegueira que faz você acreditar na cena que assiste dentro de você, mas que foi ele que criou pra você olhar. Então quando quiser fazer essa faxina interna, não vai sozinho, não! Pede pro Poder Superior te mostrar a verdade e, não, a ilusão do seu orgulho. Preces sinceras, do fundo do coração, são sempre atendidas da maneira que vai te trazer mais benefício. Vai lá bem humilde, vai lá bem pequeno. Reconhecendo a sua impotência diante do Poder maior doador da vida.


Mostra sua verdade, sua sinceridade, seu desejo verda­deiro de ter uma vida melhor, de aprender com seus erros pra construir seus acertos. Não é vergonha ter se equivoca­do no passado – todo mundo já fez isso. Vergonha é defen­der seu engano só pra não dar o braço a torcer, de medo de encarar a si mesmo. Isso é coisa de criança. Gente grande assume o que é seu, mesmo que não goste, porque depois tudo pode mudar, se a gente mudar...


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